
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo
isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das
lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela
maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas,
hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá
do raio e do trovão.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade. Seu raio e
eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os
prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente - a famosa balança da
Justiça. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas
cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços.
Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o
próprio Orixá.
O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado
estilizado com duas lâminas, que indica o poder de Xangô, corta em duas
direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um
lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa,
seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca
de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.
Xangô então, é o administrador que se curva à experiência e
sabedoria do velho Oxalá, o símbolo do poder em toda sua plenitude, mas que
deve ser acatado por Xangô quando em suas decisões intervir.
Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se
empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para
não servir apenas como consultor.
O arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota
esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite
dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um
conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variável no
humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido
por paixões, interesses ou amizades.
Xangô é o Orixá julgador, destruidor,
inteligente, impulsivo, violento. Representa o poder transformador do fogo, é o
padroeiro dos intelectuais e artistas. Seu número simbólico é o doze, assim
como doze são os ministros.