
Oyá, que deve ser saudada após os trovões, não pelo raio em
si (propriedade de Xangô ao qual ela costuma ter acesso), mas principalmente
porque tem sido Iansã uma das mais apaixonadas amantes de Xangô, o senhor da
justiça não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo tempo, ela é
a senhora do vento e, consequentemente, da tempestade.
Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé, Iansã, ela surge
quando incorporada a seus filhos, como autêntica guerreira, brandindo sua
espada, ameaçando os outros, prometendo a guerra, sempre guerreira e, ao mesmo
tempo, feliz. Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria
contagiantes da mesma forma que desmedida com que exterioriza sua cólera.
A figura de Iansã sempre guarda boa distância das outras personagens
femininas centrais do panteão mitológico africano, se aproxima mais dos
terrenos consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente tanto nos
campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas, como nos caminhos cheios
de risco e de aventura .
É extremamente sensual, apaixona-se com frequência e a
multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, raramente ao mesmo
tempo, já que Iansã costuma ser íntegra em suas paixões; assim nada nela é
medíocre, regular, discreto, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos
dramáticos, seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de
mais nada, não sendo dada a picuinhas, pequenas traições. É o Orixá do
arrebatamento, da paixão.
Arquetipicamente, Iansã é a mulher guerreira que, em vez de
ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as
batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.
Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos,
agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa
estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, que
enfrentam a guerra do dia-a-dia, os filhos de Iansã costumam ser mais
individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha,
vencerão todos os problemas, sendo menos sistemáticos, portanto, que os filhos
de Ogum.
O temperamento dos que têm Oyá como Orixá de cabeça, costuma
ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não
mereceriam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia.
São do tipo Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso
ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um
amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma
irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos
particulares de sua vida.
Como esse arquétipo que gera muitos fatos, é comum que
pessoas de Iansã surjam frequentemente nos noticiários. Ao mesmo tempo, é um
caráter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis que costumam
fascinar ( senão aterrorizar ) os que os cercam e os grandes interessados no
comportamento humano.
Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e diretos. Às
vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só detidamente. A longo prazo, um
filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e
pretensões. Eles têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular,
pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais
inesperadamente ainda. São muito ciumentos, possessivo, muitas vezes se
mostrando incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz
contra o ser amado. Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos
escolhidos ara seu círculo mais íntimo.
Um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com
que vê sua vida amorosa; outros detalhes podem também contaminar os aspectos
profissionais.
Todas essas características
criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de
Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito
violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o
estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores
provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos
de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador.