Há algumas diferenças na maneira de conceber o exu no Candomblé e
na Umbanda.
No primeiro, é como os demais Orixás,
uma personalização de fenômenos e energias naturais. O Candomblé considera que
as divindades, ou seja os orixás, entram em transe nos médiuns, intitulados
cavalos ou aparelhos, mas não há consultas. Apenas se manifestam nas festas
devidamente caracterizados e paramentados. Já na Umbanda, o exu é uma entidade
que normalmente incorpora e promove consultas incorporado em seu médium, como
outras entidades, tais quais, os caboclos, pretos velhos, crianças, os falangeiros de orixás, também denominados
mensageiros, e outras várias entidades.
A Umbanda considera os exus como entidades que buscam, através da
caridade, a evolução espiritual. Em síntese, o grande agente mágico do
equilíbrio universal. Também é o guardião dos trabalhos de magia, pela qual opera com
as forças do astral. E também são considerados "policiais",
"sentinelas", "seguranças" que agem pela Lei, no submundo
do "crime" organizado e principalmente policiando seu médium no seu
dia a dia. As falanges de exus sempre estão nas zonas consideradas infernais,
embora delas não façam parte. Com efeito, realizam os seus trabalhos de guarda
em todas as partes onde são necessários. Certos exus guardam entradas de
hospitais, necrotérios e cemitérios para impedir que kiumbas, espíritos sem
evolução, de natureza vampiresca e zombeteira, se alimentem do duplo etéreo dos
que estão à beira da morte ou daqueles que desencarnaram recentemente. A força
vital permanece nos corpos sem vida e não deve ser sugada para alimentar almas
que desejam praticar o mal. Esses espíritos devem ser impedidos de qualquer
maneira. Participam também do resgate de almas localizadas em zonas inferiores,
os chamados umbrais.
O plano astral também é morada de miríades de espíritos que perseveram
no mal. Alguns deles estabelecem uma prática na espiritualidade de obsediar
desencarnados e até encarnados. O trabalho dos exus é não permitir que consigam
influenciar espíritos e pessoas vivas a ponto de elastecer seus tentáculos e
criar verdadeiras frentes de maldade espiritual e material. Esse combate é
árduo e permanente. Os exus chefes de falange podem ser equiparados a
verdadeiros generais que promovem vigília e combate, além do comando de inúmeras
falanges.
Mesmo os chamados chefes também obedecem à severa hierarquia dos
comandos do astral. Podem também ser apontados como exus da estrada, da
encruzilhada, do cemitério, da beira do mar e das cidades.
Esses espíritos se utilizam de energias mais "densas"
ou materiais. Nota-se que essas entidades podem
realizar trabalhos benignos, como curas, orientação em todos os setores da vida
pessoal dos consulentes e praticar a caridade em geral. A condição de exu para
um espírito é transitória, podendo este, uma vez redimidas suas dívidas perante
a Lei Divina, seguir escalas mais elevadas de evolução.
Os trabalhos malignos não são acordos efetuados com os exus, mas sim Kiumbas, que
agem na surdina e não estão sob a orientação de nenhum guia, mas que podem se
fazer passar por um, atuando em terreiros que não praticam os fundamentos
básicos da Umbanda,
que são a existência de um Deus único, crença em entidades espirituais em evolução,
orixás que formam a hierarquia espiritual, guias mensageiros, na existência da alma, na prática da mediunidade sob
forma de desenvolvimento espiritual do médium,
além da caridade gratuita a quem necessita. O objetivo é sempre proporcionar
vibrações positivas através da fé, amor e respeito ao próximo. Reuniões em que
há a incorporação de exus, por exemplo, não pode haver nenhum tipo de cobrança
ao visitante, seja de dinheiro ou de qualquer outra natureza.
Os exus infelizmente são confundidos com os kiumbas, que
são espíritos das trevosos ou obsessores que se encontram desajustados
perante a Lei. São responsáveis pelos mais variados distúrbios morais e mentais
nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões.
Comparados ao Diabo dos
Católicos, são espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por
sentirem prazer ou vingança, calcados no ódio doentio. Aguardam, portanto, que a
Lei os recupere da melhor maneira. Vivem no baixo astral, onde as vibrações
energéticas são pesadas. Trata-se de uma enorme egrégora
formada pelos maus pensamentos e oriundos dos espíritos encarnados e
desencarnados. Sentimentos baixos, como: paixões desenfreadas, ódios, rancores, raivas,vinganças, sensualidade exagerada
e vícios de
toda estirpe alimentam essa faixa vibracional da qual os kiumbas se comprazem,
já que se sentem mais fortalecidos com a energia negativa que por eles é
absorvida.
O verdadeiro exu é uma entidade guardiã empenhada em uma missão maior,
por isso não faz mal a
ninguém. Seu objetivo é auxiliar as pessoas com fé e respeito. Alguns exus
foram, quando reencarnados, pessoas importantes, como políticos, médicos, advogados,
industriais, mas também trabalhadores, pessoas comuns, padres,
escravos, saltimbancos que cometeram alguma falha e escolheram ou foram
escolhidos para assumir essa roupagem espiritual com o fim de redimirem seus
erros pretéritos. Outros são espíritos mais evoluídos que optaram por orientar
os seus médiuns. Em seus trabalhos de magia, o exu corta demandas, desfaz
trabalhos malignos, feitiços e magia negra,
efetuados por espíritos sem evolução. Ajudam a limpar ambientes, retirando os
obsessores e os encaminhando para à luz ou para que possam cumprir suas penas
no astral inferior.
Uma verdadeira casa de caridade é sempre reconhecida pela gratuidade dos
serviços prestados a quem procura ajuda em um terreiro de Umbanda.
Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de exu, procuram
realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem
está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências
maléficas, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em
ação o verdadeiro exu, atraindo os obsessores ainda ignorantes e procurando
trazê-los para suas falanges que trabalham visando à própria evolução.
O chamado exu pagão é tido como aquele sem luz, sem
conhecimento e pouca evolução, ainda não pronto para o despertar à caridade. É
o mesmo que kiumba.
Já o exu batizado é uma alma já sensibilizada pelo bem
que já evoluiu e trabalha para o próximo, dentro do reino da Quimbanda,
por ser uma força ajustável ao meio podendo intervir como um policial que
penetra nos reinos da marginalidade para fins de resgate e limpeza.
Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro exu com espíritos
zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que recebem ou
deveriam receber a denominação de kiumbas e que, não raro, mistificam e iludem
os presentes, se passando por guias.
Para evitar essa confusão, não se concede aos chamados exus
pagãos a denominação de exu, classificando-os apenas como kiumbas.
E reserva-se para os ditos exus batizados e coroados a
denominação de exu.
Os exus mais evoluídos são chamados de exus coroados.
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